JURA EM PROSA E VERSO
MAÇONARIA
PAPEL SOCIAL DO MAÇOM (*)
Irm. Eduardo Gomes de Souza (**)
Em princípio é
importante admitir que homens e mulheres se comportem de formas diversas em
situações sociais diferentes e assumam papéis distintos, devido às
expectativas que a sociedade coloca sobre eles (incluindo estereótipos e
preconceitos). Portanto, comportamento humano é guiado por expectativas
mantidas tanto pelo indivíduo como por outras pessoas.
A teoria dos papéis sociais é baseada na noção de que as ações,
comportamentos, atitudes e desejos são conformados por um conjunto de funções
específicas, socialmente determinadas. Assim a teoria do papel social admite que
a sociedade constrói um conjunto de normas socialmente aceitáveis, cria
expectativas de que as pessoas internalizam esses valores e acatando-os se
tornam socializados. Por consenso tácito, certos comportamentos são considerados
adequados e outros inadequados. As pessoas podem então escolher entre aceitar
essas normas ou agir contra elas.
Alguns papeis são específicos para determinadas situações e só podem ser
assumidos dentro de um determinado contexto. Por exemplo, o papel da esposa ou
do marido só pode existir dentro do contexto de um casamento. Da mesma forma,
quando um médico entra em um hospital ele desempenha o papel de um médico.
Quando o médico vai para casa, para sua família, ele desempenha o papel de
marido ou pai. Assim também o papel de maçom é desempenhado em determinados
momentos na vida do individuo.
Ao longo da vida, desempenhamos uma variedade de funções, os papeis serão
determinados pelas expectativas e contextos sociais em que nos encontrarmos. No
trabalho, por exemplo, uma pessoa pode desempenhar o papel de chefe ou
subordinado. Esta mesma pessoa pode desempenhar o papel de amigo, bebendo com
companheiros em um bar, depois ir para casa e agir com a esposa como marido.
Quando agimos fora do contexto de uma determinada função, estamos
desenvolvendo um estereótipo, eles são em grande parte os resultados de
expectativas internas ou externas. Um estereótipo é geralmente o resultado de
preconceitos desenvolvidos com base em atitudes discriminatórias. Pode-se agir
sob o domínio de um estereótipo, mas então não estamos desempenhando um papel
social, mas, obviamente, agindo equivocadamente. Geralmente, os papéis são
legítimos quando são combinados com as funções. Quando eles são puramente
estereótipos, eles existem não como realidades sociais, mas como ficções
discriminatórias.
O maçom na atualidade não pode se apegar em como a Maçonaria contribuiu
para a construção e consolidação da Nação, para pautar seu papel social, pois
estaria cultivando um estereótipo. Como a Sociedade, ela sofreu processos
simultâneos de burocratização e expansão global; a Maçonaria sofreu uma grande
transformação. Apesar de sua consistente historia elitista, ela passou a ser uma
instituição relativamente aberta, que inclui homens de várias religiões, classes
sociais e políticas, e se tornou cada vez mais laica, de classe média, aberta e
inerme ao longo do tempo.
A Maçonaria busca admitir qualquer homem livre, independentemente de sua
religião, status social, orientação política e raça (desde que acredite na
existência de um principio criador), e ensina aos seus membros lições de
auto-aperfeiçoamento, espiritualidade e fraternidade.
O maçom tem que ser um exemplo!
A começar pelo saber. A busca do conhecimento em maior medida sempre, em
uma medida sem precedentes, tem que ser o objetivo do maçom. O conhecimento é
valioso para aqueles que estão dispostos a se esforçar para dominá-lo. Esse
conhecimento é geral, não pode ser adquirido apenas a partir dos livros ou
cursos universitários.
De comportamento e moralidade.
O maçom tem que distinguir-se como homem de valor moral e social superior. A
Ordem apresenta-se como guardiã social da virtude e da iluminação; nela os
maçons podem se dedicar a um programa específico de auto-aperfeiçoamento moral.
Os maçons devem reformar seus costumes e seu comportamento de forma e se
tornarem seres civilizados, esclarecidos e morais.
De fraternidade. Tem que
agir sempre com base em sua observação das necessidades dos outros. O maçom é um
altruísta, sempre pronto para auxiliar a todos que dele necessitem. Quando as
pessoas ouvem a respeito de alguém em necessidade, seu impulso natural é para
ajudar. A Maçonaria está apenas dando-lhe a oportunidade para operacionalizar
esse impulso.
Assim o Maçom tem que ter Responsabilidade Social; seu comportamento tem
que ser pautado na ética ou na ideologia teorizada pela entidade que representa.
Ele, como indivíduo, tem a obrigação de agir em benefício da sociedade em geral.
Esta ação pode ser passiva, evitando engajar-se em atos socialmente
prejudiciais, ou proativa, através da realização de atividades diretas de
promoção dos objetivos sociais.
Dentro desse contexto, vemos como papel social do maçom atual, o esforço
para descobrir e trazer à tona os elementos emergentes e os anseios da
comunidade que são subconscientes, para o desenvolvimento integral dessa
comunidade, do seu ambiente social. O maçom não é uma parte da comunidade
quando, uma vez por semana, vai voluntariamente a uma reunião da Loja e
contribui no Tronco de Solidariedade. Ele tem que fazer parte da comunidade
todos os dias. Ele tem que estar atento para o que é necessário realizar e
pensar como os problemas podem ser resolvidos. Sua ação social, como Maçom e
membro da Comunidade, é contribuir para que sejam tomadas decisões e realizadas
ações que irão melhorar o bem-estar e a qualidade de vida da comunidade.
Podemos sintetizar as teorias sociológicas atuais, em três fases essenciais
para o processo de desenvolvimento comunitário. A primeira fase consiste na
determinação se a comunidade está preparada para passar a um nível mais elevado
de desenvolvimento através de suas energias excedentes, há consciência dessas
possibilidades, é aspiração da comunidade alcançar essas possibilidades
completamente. A segunda fase consiste na determinação se os indivíduos da
comunidade têm consciência e expressão dessas aspirações de maneira sólida.
Finalmente, na terceira fase a iniciativa do maçom é buscar os indivíduos que
são aceitos pela comunidade e organizá-los, buscando a integração da comunidade.
Em nossa teoria de desenvolvimento social, há um desejo, mesmo que seja
subconsciente, da comunidade para a mudança e o progresso. Existe também um
maçom que está em sintonia com esse desejo, mesmo que a sociedade ainda não
esteja. Ele traz uma proposta para apresentar a comunidade, ela aceita e abraça
a ideia. Posta em prática, a comunidade cresce, muda, se desenvolve. Por
exemplo, um maçom constrói uma lixeira de metal e instala na calçada em frente a
sua casa, mesmo que a comunidade não esteja consciente do potencial da ação para
limpeza da superfície da via pública, reconhece que o esforço dele faz com que a
limpeza pública seja uma realidade, a sociedade o acompanha e ao abraçar a ideia
contribui para o desenvolvimento comunitário. O que inicialmente foi
subconsciente para a comunidade, agora se tornou consciente.
Embora a comunidade possa estar preparada para a sua ascensão a um nível
superior de desenvolvimento, ainda precisa de um agente para transformar essa
vontade em ação. Esse é o papel social dos maçons. Os maçons têm que ser pessoas
dispostas a sair dos padrões, dos moldes existentes, e tentar algo novo. Através
das suas ações conscientes, os maçons expressam alguns aspectos das aspirações
que estão apenas parciais ou inconscientes para a comunidade.
O maçom não pode ser um pária, radical ou desajustado na comunidade, mas
sim parte das suas aspirações, conhecimentos e valores em um alto grau. O maçom
rompe com os modelos e moldes da comunidade, mas fica dentro dela, não fora do
ambiente social da comunidade, traçando novos cursos ou revelando novas
possibilidades.
O maçom tem que estar muito à frente de seu tempo, para estar sempre em
sintonia com a aspiração da comunidade, e suas ações devem inspirar outros a
tomarem as mesmas iniciativas. Assim, as iniciativas do maçom pioneiro se
multiplicam por toda a comunidade, desencadeando um movimento de
desenvolvimento.
O indivíduo pode pensar em si mesmo, não influenciando a Comunidade. Essa
concepção de vida não permite a grandeza e a genialidade. O maçom subjuga os
interesses individuais, investiga e descobre o que a comunidade necessita e
anseia, mesmo subconscientemente. E busca levá-la a consecução desses objetivos,
tornando-se um verdadeiro líder.
Pense, você pode viver melhor.
(*) Palestra realizada no dia 11 de agosto de 2011, na A.R.L.S. de Estudos e
Pesquisas Maçônicas Sabedoria Triunfante nº 4069.
(**) O Irm. Eduardo Gomes de Souza é Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente do
Brasil no Rio de Janeiro e membro fundador da A.R.L.S. de Estudos e Pesquisas
Maçônicas Sabedoria Triunfante nº 4069.