A Maçonaria, a Religiosidade e a Fé
Ir\Mário Natali
Estimados irmãos!
Muitas vezes, falta-nos uma maior reflexão ou estudos para nos apercebemos
que a Ordem Maçônica não defende, não propaga, nem tem o condão de afastar o
cidadão iniciado do seu melhor convívio familiar, de sua religião e de sua
fé. Ao contrário, a Maçonaria proclama em sua norma maior - a Constituição –
logo art. 1º, ser uma instituição essencialmente iniciática, filosófica,
filantrópica, progressista e evolucionista e seus fins supremos são a
liberdade, igualdade e a fraternidade.
Manifesta também a orientação a cada irmão, na difícil caminhada que
tentamos galgar na Escada de Jacó, seja através nossos encontros
ritualísticos regulares e nossa vida cidadã, busquemos sempre o
aperfeiçoamento moral, intelectual e social, sob a tese maior da:
prevalência do espírito sobre a matéria, e nos recomenda ainda deveres
essenciais de amor à família, a pátria e a lei.
Mas não é só. A Maçonaria combate o sectarismo, em especial nas áreas (ato
extremado) políticas, religiosas e racial, por ser um comportamento
absolutamente incompatível com a universalidade do espírito maçônico e seu
ideário de liberdade, igualdade e fraternidade, exercícios permanentes do
verdadeiro iniciado.
Até aí, nada de novo! Mas, até que ponto a fé e a religiosidade de um maçom
podem ser atingidas ou anuladas por mudanças/convicções culturais vividas a
partir da iniciação e vida maçônica regular? – Creio que não há
interferência, até porque, trazemos em nossa bagagem, para o ambiente
maçônico estruturas e convicções arraigadas em valores religiosos e no
sentimento de fé no Deus de cada um professa. Assim, a maçonaria,quando
compreendida e bem exercitada, não pode nem é geradora de nenhuma alienação
social, religiosa ou familiar. Afinal, ao longo dos séculos, a Maçonaria
nunca quis esse rótulo de ser religião, embora exigindo como condição “si ne
qua non” ao maçom, acreditar num ser supremo, chamado em nossos templos
universalmente de Grande Arquiteto do Universo(GADU). Para o cristão, a sua
maior divindade, é Jesus Cristo.
Sabe-se que no inicio da caminhada maçônica, ainda como neófitos aprendizes
em busca do desbaste da pedra bruta, nem sempre se tem a compreensão exata
do que buscar no Templo, nos trabalhos ritualísticos e na convivência com a
Ordem Maçônica. Os estudos, a ritualística e a compreensão dos landmarks,
símbolos e alegorias, nos conduzem ao grande aprendizado - a prevalência do
espírito sobre a matéria, a construção do templo interior, para que o “eu”
bem estruturado, sirva ao nosso Deus, ao próximo e aos menos favorecidos. E
isso não se faz divorciado do sentimento de justiça, fé e da perseverança. A
religiosidade é assim, ferramenta e fermento para isso.
A Maçonaria combate o materialismo, o ceticismo, o agnóstico, nessa mensagem
maior da prevalência do espírito sobre a matéria porque quer de cada maçom,
um templo vivo de amor, justiça retidão e tolerância. É uma verdade profunda
que nos cabe assimilar e exercitar. E nada obsta que o maçom tenha a sua fé
e religiosidade, porque esse encontro com a sua divindade não o atrapalha e
não concorre com a vida maçônica e os seus primados. Ao contrario, a fé e
uma vida religiosa normal, sem fanatismos, nos orientam e reforçam o que é
pregado em nossa Ordem – os bons costumes, a justiça, retidão de caráter e o
amor ao próximo. E, para os Cristãos, não há duvidas: o grande exemplo de
humildade e amor ao próximo foi semeado, vivido e ofertado por Cristo a
humanidade, há mais de 2 mil anos, com seus exemplos inigualáveis, diante de
privações e humilhações, das mais aterrorizantes, cumprindo o seu desígnio
irretocável, sendo fonte inesgotável de doação, tolerância, perdão e amor a
humanidade ontem, hoje, agora e sempre.
Não é demais afirmar, que Jesus, o GADU, que segundo muitos, tem origem
essênia, é o Mestre dos Mestres, por ser justo e perfeito na exata
compreensão do termo, vestindo em todos os seus atos, a sandália da
humildade e um avental imaculado. Maior e mais perfeito arquiteto e
construtor de todos os templos, nessa missão da edificação da paz e do
perdão aos homens. Esse é, sem dúvida, o GADU que nós Cristãos, evocamos no
L.: da Lei, na abertura e fechamento dos trabalhos ritualísticos maçônicos.
E a Arte Real, com a sua sapiência, preserva o postulado da universalidade
Maçônica, com o natural respeito e devoção de cada um as divindades,
escolhidas por convicção ou religião.
Até hoje, infelizmente, várias religiões veem o maçom de forma equivocada,
cingindo-lhes atributos e estigmas injustos e inaceitáveis, muitos por
desconhecimento, fanatismo e intolerância, comportamentos que a Maçonaria
combate como qualquer sectarismo. Afinal, as convicções maçônicas são muito
diversas de tendências religiosas de qualquer natureza. Longe da idade
média, da inquisição e suas marcas e aberrações inaceitáveis, o nosso
compromisso maior deve ser com exemplos de justiça, virtude e retidão. Um
novo olhar deve contemplar a maçonaria, não como seita satânica, como culto
ao anticristo ou outros predicados iguais, mas como uma instituição secular
séria, voltada ao respeito e ao aperfeiçoamento do homem, membro de uma
família e filho de Deus.
É muito caro o que a Maçonaria paga por esse simbolismo típico de uma
instituição silenciosa, secular, iniciática, arraigada nos melhores
conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade e que preserva os seus
segredos ritualísticos, em símbolos, gestos e sinais exclusivamente para o
seu público-alvo - os iniciados. Ao contrário de muitos outros setores
humanos, maçonaria incomoda a muitos porque prefere o silencio de suas boas
obras, ao exercício da retórica e pregação midiática tão comum em outros
segmentos. Infelizmente, incautos desinformados e oportunistas, preferem
conceitos simplistas e errôneos do que somos e o que fazemos em nossa
caminhada. É um preço elevado pelo silencio e anonimato maçônico na obra de
fraternidade, tolerância, liberdade, harmonia e na busca do crescimento
interior dos seus membros. Porque isso incomoda a muitos!
E é de se perguntar: - Qual o melhor remédio para isso?– Estamos longe do
conceito do homem justo e perfeito, mas cabe a cada um, através de atos,
estudos, conhecimentos e a busca da verdade, o exercício permanente dos
valores do maçom e do cidadão, com a prática do amor a si mesmo, a família,
a sua pátria e ao próximo. Não há que se fazer comparações entre a
religiosidade de cada um com a vida maçônica regular. São conceitos e coisas
diametralmente diversas e que não se chocam.
Queridos Irmãos: - ao desenvolver essa reflexão, o fiz pensando em cada
irmão, seus valores e virtudes e filho de Deus. E no crepúsculo deste ano de
2013, que paradoxalmente para os cristãos é Tempo do advento porque
preparamo-nos para viver o nascimento de Jesus, cabe-nos agradecer ao GADU
por tudo que passamos em nossa vida pessoal, familiar, profissional e no
convívio maçônico, sejam eles de sofrimentos ou provações, de conquistas e
êxitos, de sonhos, frustrações ou realizações. O Natal é o momento ideal
para compreendermos que os nossos planos humanos são diminutos e efêmeros
diante da grandeza do projeto que o GADU nos reservou.
Que irmãos e familiares possam transformar este Natal que se avizinha num
verdadeiro Advento – a vida nova – o tempo Novo e de boas vindas – sempre
mais próximo de Deus, professando a fé e o crescimento interior dentro da
convicção religiosa que melhor aprouver a cada um, volvendo as súplicas em
favor daqueles que nos cercam, como os nossos familiares e os mais
necessitados. Que Ele nos ensine a superar com perseverança, fé, espírito
puro e construtivo os muitos obstáculos que certamente sempre teremos pela
frente, a partir da nossa pequenez humana. Que Deus lconceda a cada um de
nós, muita saúde, harmonia e paz em 2014.
Que tal reforçarmos a nossa fé, religiosidade e espírito maçônico com o
exercício da tolerância, respeito, solidariedade e o amor ao próximo? Que
tal entendermos que a verdadeira felicidade não pode se limitar ao “eu”, mas
ao “nós” e a todos que amamos:- familiares, amigos e irmãos?
A fé em Deus, o amor fraternal a cada irmão,foram a grande inspiração neste
humilde trabalho.
Por: Ir\Mário Natali